sexta-feira, março 04, 2016

Mudanças na Semana de Moda, segundo o organizador do evento, Paulo Borges

Em uma entrevista exclusiva ao Estadão, Paulo Borges, criador do calendário de moda nacional e organizador da SPFW há 21 anos, revela que 


"A partir de 2017, mudaremos as datas de desfiles para deixá-los bem próximos ou mesmo simultâneos aos lançamentos no varejo."

Aqui no blog, já publiquei que nas semanas de moda internacionais e até algumas marcas, como a Burberry, anunciaram a discussão e até mesmo ações em relação ao assunto. 

O que podemos esperar é que assim que apresentadas nos desfiles, as coleções já estarão disponíveis nas lojas para compra. Não haverá mais a espera de seis meses para as roupas estarem acessíveis nas lojas.
Também, não haverá mais coleção Outono/Inverno ou Primavera/Verão. Afinal, no Brasil, em sua maior parte faz calor e as coleções para a estação fria, acabava que parecendo com a da estação quente. 
A partir dessas mudanças então, as marcas apresentarão no ano duas coleções sem a nomenclatura da estação, que estarão disponíveis nas lojas ao final do desfile. 

Abaixo, algumas perguntas e respostas feita a Paulo Borges pela jornalista e editora do canal Moda e Beleza do Estadão.

A Fashion Week está ameaçada? Ela pode acabar por falta de patrocínio?
Não. A Fashion Week não se encontra ameaçada. Ela está fortalecida. Este ano, conseguimos quatro novos patrocinadores e teremos estreias de quatro novas marcas. ...ainda não podemos revelar... Se você considerar o momento econômico do País e levar em conta quantas coisas estão sendo canceladas, verá como a nossa seriedade, a nossa história nos ajudam.

Você acha que a moda como conhecemos hoje está com os dias contados ou está consolidada e só passará por ajustes?
Precisa de ajustes apenas. Vivemos um processo de angústia porque estamos em transformação. Vivemos um momento disruptivo de forma geral e a moda está dentro disso. Tenho dito que está estamos vivendo uma nova antropofagia, um novo modernismo, diferente do da semana de 22. É um momento antropofágico porque estamos mastigando e vomitando tudo o que vivemos nos últimos 30, 40 anos. Estamos revendo questões políticas, sociais, econômicas. Estamos revendo a questão humana e a moda expressa tudo isso. Não tem como ela não se transformar.

Nos últimos desfiles, a Riachuelo já seguiu o modelo da Moschino e disponibilizou nas lojas as roupas do desfile no mesmo dia da apresentação. Nossas marcas terão estrutura para isso?
A coleção de Karl Lagerfeld para a Riachuelo, na próxima edição de abril da SPFW, também será assim. Eles estão se organizando há 18 meses para isso. Tem que haver um novo entendimento do negócio, mas já tem gente que estão fazendo coleções cápsulas para lançar nas lojas ao mesmo tempo do desfile. Isso já é uma realidade.

Quais serão os meses de desfiles a partir de 2017 então?
Fevereiro e final de julho, início de agosto. A imprensa e o lojista terão acesso ás coleções antes para fotografá-las e decidir as compras. E vai haver um contrato entre o jornalista e a marca, com embargo dessas imagens até o desfile. E isso já está sendo discutido lá fora também. Será uma mudança grande no processo todo.

Primavera-verão, outono-inverno. Como lidar com a questão das estações? Com o mundo globalizado faz sentido apresentar roupas conforme as estações?
A moda é global, o desejo é global. Não é a estação do ano que impulsiona a venda. E, no Brasil, faz sempre calor. Por isso, nós não vamos mais colocar na nomenclatura da SPFW nem primavera/verão nem outono/inverno. 

Confira a entrevista completa no site do Estadão, clicando aqui. 

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